Quando Marquis M. Converse fundou, em 1908, a Converse Rubber Shoe Company, em Malden, Massachusetts, provavelmente não imaginava que a sua marca iria tornar-se num ícone americano, nem tão-pouco que iria andar nos pés de várias gerações, nos quatro cantos do mundo.
O modelo All Stars, um ténis feito de lona e sola de borracha, surgiu em 1917, mas a sua vulgarização só aconteceu alguns anos depois: em 1923, o jogador norte-americano de basquetebol Chuck Taylor associou-se à marca, mudou o desenho da sola para criar mais tracção e colocou uma protecção no calcanhar. O sucesso foi imediato, até porque era praticamente o único ténis usado por todos os jogadores de basquetebol, amadores e profissionais.
Mas a verdadeira globalização dos All Star dá-se quando começa a ser difundido por bandas como The Ramones, banda de punk rock do fim dos anos 70, e por artistas pop como o mítico Kurt Cobain, dos Nirvana.
Recorde-se ainda que o modelo de cano curto, apelidado de Oxford, surge em 1963, e poucos anos depois são introduzidas várias cores, já que até aí eram só comercializados modelos pretos e brancos.
Hoje em dia não há família ou estrela de Hollywood que não tenha pelo menos um par de All Star no armário. Ainda recentemente tivemos disso exemplo num filme do Harry Potter. Ao todo, já foram comercializados mais de um bilião de pares do Converse All Star Chuck Taylor e a enorme popularidade do modelo faz com que 65% dos americanos tenham pelo menos um par.
Estes ténis tornaram-se uma paixão. Há blogues dedicados a este modelo e até músicas que os referem, como a da banda punk rock brasileira Carbona, intitulada "Meu Primeiro All Star". A própria Louis Vuitton criou uns ténis chamados "Capucine Monogram Multicolore", muito semelhantes aos All Star.
Vendidos em 144 países, há quem continue a preferir os clássicos, de lona, com cano baixo e cores tradicionais, como azul, preto e vermelho, apesar de haver uma infinidade de novos modelos disponíveis nas lojas, com cores e materiais diferentes, como o couro e a ganga.
Em 2003, a Nike comprou a Converse... mas os ténis não se ressentiram! Tidos como baratos, simples e de bom gosto, continuam a vender que nem pãezinhos quentes.
Uma portuguesa desenha "All Star"
A ilustradora Ana Ventura está entre 100 artistas de todo o mundo convidados a decorar os famosos "ténis da estrela" All Star, da Converse, marca desportiva que este ano comemora o seu centenário.
Foi através de um simples "e-mail" que Ana Ventura iniciou uma das suas maiores e mais recentes aventuras profissionais: o design para a elaboração de um par de sapatos All Star da Converse (RED) no âmbito do centenário desta marca de roupa desportiva e acessórios.
A partir de Outubro, o modelo que Ana Ventura desenhou vai estar nos pés de milhares de pessoas. Pelo menos, é o que ela espera.
"Tenho um blogue e um sítio na Net, e através dele fui contactada por um responsável da Converse, em Março de 2007. Disse-me que tinham gostado dos meus trabalhos, sobretudo os das bonecas de papel, e perguntou-me se não estava interessada em decorar uns All Star com as bonecas ou dentro daquele estilo. Disse logo que sim", conta Ana Ventura, 36 anos. Uma semana depois, a casa desta ilustradora formada em Pintura pela Escola de Belas Artes de Lisboa chegava uma caixa de ténis que continha um sapato original (em branco), canetas, lápis e um livro com o protótipo do modelo, para que pudesse testar várias soluções.
"Não tive coragem de pintar directamente no ténis e fiz três projectos em Photoshop, mas só enviei dois." Pelos vistos foram suficientes para convencer os responsáveis pelo centenário da marca norte-americana. Mas a confirmação de que o seu protótipo estava realmente a ser feito só veio em Dezembro de 2007, curiosamente, através de um funcionário da Converse que conhecia a página dela no Flickr.com e como admirador do seu trabalho não resistiu em dar-lhe a boa nova.
"Certeza, certeza da própria Converse só tive este ano, quando fui convidada para participar na conferência de imprensa sobre o lançamento desta edição especial do centenário, em Amesterdão", avança Ana. E foi lá, em Amesterdão, que viu pela primeira vez, ao vivo, um protótipo do ténis decorado por si. "Foi uma emoção enorme, ainda por cima porque o meu ténis estava em destaque... se calhar porque sabiam que eu ia estar presente", diz timidamente.
A importância da participação no centenário da Converse é ainda maior para Ana já que a marca se associou ao projecto RED (lançado por Bono, vocalista dos U2, e Bobby Shriver), com fim à angariação de fundos para o combate à sida, malária e tuberculose em África. "O acordo é que se o meu sapato for manufacturado, a Converse envia mil euros em meu nome para o Fundo Mundial de Luta Contra a Sida, Malária e Tuberculose. E 10% das vendas também vão para o fundo", explica.
"Spread the News" (Espalhem a notícia) é como Ana chamou aos ténis que decorou e que têm como ideia base a "ajuda intercontinental entre as pessoas". Em cada um deles está um grupo de figuras a tentar comunicar e a pedir ajuda. "As ilhoses dos sapatos funcionam como os ouvidos e as bocas dessas pessoas, e a comunicação entre elas é feita através do atacador", descreve Ana Ventura.
Com imensos projectos na cabeça, a ilustradora continua a fazer fita-colas ilustradas, postais, serigrafias, marcadores de livros e "papelsonagens" (personagens feitas com pedaços de papéis variados e que servem de objecto decorativo) tanto para Portugal como para o mercado inglês. "Neste momento estou a ilustrar um livro para crianças escrito por um pessoa que também se chama Ana Ventura", adianta, revelando ainda que está a trabalhar num filme de animação.
A partir de Outubro, o modelo que Ana Ventura desenhou vai estar nos pés de milhares de pessoas. Pelo menos, é o que ela espera.
"Tenho um blogue e um sítio na Net, e através dele fui contactada por um responsável da Converse, em Março de 2007. Disse-me que tinham gostado dos meus trabalhos, sobretudo os das bonecas de papel, e perguntou-me se não estava interessada em decorar uns All Star com as bonecas ou dentro daquele estilo. Disse logo que sim", conta Ana Ventura, 36 anos. Uma semana depois, a casa desta ilustradora formada em Pintura pela Escola de Belas Artes de Lisboa chegava uma caixa de ténis que continha um sapato original (em branco), canetas, lápis e um livro com o protótipo do modelo, para que pudesse testar várias soluções.
"Não tive coragem de pintar directamente no ténis e fiz três projectos em Photoshop, mas só enviei dois." Pelos vistos foram suficientes para convencer os responsáveis pelo centenário da marca norte-americana. Mas a confirmação de que o seu protótipo estava realmente a ser feito só veio em Dezembro de 2007, curiosamente, através de um funcionário da Converse que conhecia a página dela no Flickr.com e como admirador do seu trabalho não resistiu em dar-lhe a boa nova.
"Certeza, certeza da própria Converse só tive este ano, quando fui convidada para participar na conferência de imprensa sobre o lançamento desta edição especial do centenário, em Amesterdão", avança Ana. E foi lá, em Amesterdão, que viu pela primeira vez, ao vivo, um protótipo do ténis decorado por si. "Foi uma emoção enorme, ainda por cima porque o meu ténis estava em destaque... se calhar porque sabiam que eu ia estar presente", diz timidamente.
A importância da participação no centenário da Converse é ainda maior para Ana já que a marca se associou ao projecto RED (lançado por Bono, vocalista dos U2, e Bobby Shriver), com fim à angariação de fundos para o combate à sida, malária e tuberculose em África. "O acordo é que se o meu sapato for manufacturado, a Converse envia mil euros em meu nome para o Fundo Mundial de Luta Contra a Sida, Malária e Tuberculose. E 10% das vendas também vão para o fundo", explica.
"Spread the News" (Espalhem a notícia) é como Ana chamou aos ténis que decorou e que têm como ideia base a "ajuda intercontinental entre as pessoas". Em cada um deles está um grupo de figuras a tentar comunicar e a pedir ajuda. "As ilhoses dos sapatos funcionam como os ouvidos e as bocas dessas pessoas, e a comunicação entre elas é feita através do atacador", descreve Ana Ventura.
Com imensos projectos na cabeça, a ilustradora continua a fazer fita-colas ilustradas, postais, serigrafias, marcadores de livros e "papelsonagens" (personagens feitas com pedaços de papéis variados e que servem de objecto decorativo) tanto para Portugal como para o mercado inglês. "Neste momento estou a ilustrar um livro para crianças escrito por um pessoa que também se chama Ana Ventura", adianta, revelando ainda que está a trabalhar num filme de animação.
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